terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma Homenagem (A Verdadeira História do Hexa do Mengão)


Parece que por todo esse tempo, os deuses do futebol brasileiro se distraíram, alias não é por menos, já que são os mesmos dos gregos antigos, dizem que estavam descansando preguiçosamente, e talvez até maliciosamente, deixando que os mortais usassem o seu arbítrio para transformar o futebol nacional em uma espécie de ideal yuppie, conservador, quadrado, certinho, chato e pragmático.

Chegou por boca miúda que Zeus (Zeus é o cara no Olimpo, come todo mundo)acordou na sua cobertura no Monte Olimpo, num domingo chuvoso, cansado de suas aventuras eróticas e resolveu ligar sua TV de LCD 1520” para assistir um peladinha pelo PFC, quando se assustou, ao saber através do Galvão Bueno que o São Paulo era tri campeão brasileiro e brigava pelo quarto titulo consecutivo. Por ser Zeus não teve a mínima duvida, o futebol não estava na mão do verdadeiro responsável. Sendo o verdadeiro responsável Dionísio (deus do vinho, do lazer, do prazer, daquelas coisas também) Zeus foi a procura dele. Pelo tratado do Olimpo, Dionísio é responsável pelo futebol e como tal, tem que dar todo o ano pelo menos um titulo para o Flamengo (Time de Zeus, óbvio), mas como Dionísio bebe demais, acaba que de vez em quando falha com o chefão.
Mas uma questão estava muito errada. Como o Flamengo não ganhava a tanto, o titulo brasileiro? E como São Paulo, time de um santo católico iria ser tetra campeão?
Foi então que Zeus descobriu em uma sala, Hermes (deus metido a inteligente, chato pra cacete), o deus yuppie, sentado em um sofá entre Clodovil (o viado velho mesmo) e Marco Aurélio (o do cavanhaque estranho) segurando os títeres do futebol nacional. Dionísio desta vez tinha exagerado na irresponsabilidade! E com um grito estrondoso que mais parecia um trovão, Zeus tomou os títeres e os deu para seu filho, mas fanático pelo Mengão, Ares (deus da guerra), e ordenou para que ele acabasse com aquela viadagem, para que o time mítico voltasse as suas corriqueiras glórias, porque ele estava afim de ver a porra do futebol (palavras dele).

Então Ares, pavio curtissimo, após espancar Dionísio, Hermes, Clodovil e Marco Aurélio. Resolveu chamar Orfeu (Andrade), filho de Apolo, para com sua lira comandar o time mítico.
Orfeu (deus culto, artista no que fazia ou Andrade, mesma coisa) reparou a presença de um deus no elenco, meio perdido e muito triste, o Hades (deus do submundo ou Adriano) de poucas palavras, que inspirava muito medo nos mortais. Com sua Lira encantada Orfeu em uma tarde no reino da Gávea, resolveu tocar, e o resultado como sempre não poderia ser outro, os pássaros pararam para escutar, as árvores se curvaram para pegar os sons no vento e com melodias simples e belas que tocam o cérebro, Hades (Adriano) perdeu seu medo.

Mas com aquele problema de anos, e com Zeus sentado no sofá olímpico assistindo a pelota, ainda faltava algo, então Orfeu (Andrade), chegou a conclusão, que apesar do deus Hades (Adriano) faltava no time mítico um personagem que apesar de todos os poderes divinos, deus nenhum dispensava, e ele era o herói. Dizia Orfeu (Andrade), “um exercito pode ter deuses apoiando, mas nunca pode faltar um herói”, foi então que observou esquecido em um canto qualquer, Odisseu (herói ardiloso ou Petkovic) , que ainda estava a procura do seu lugar, Ìtaca (ou Reino Gávea, mesma coisa). Ele que havia vencido a guerra de Tróia (ou o tri em cima do vasco, mesma coisa) e havia passado por muitos reinos diferentes para retortar à Ìtaca eterna, reparem, eterna. Odisseu (Petkovic) então com ajuda de Orfeu retomou suas forças e junto com Hades e com um exército Gigantes pode retornar para o Reino da Gávea Eterna com o troféu de hexacampeão brasileiro, agradando os deuses mais importantes e acabando com a viadagem e a chatice no futebol brasileiro.
E essa é a verdadeira História do Hexa.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Direito e a Verdade II

O sistema do direito, o campo judiciário são canais permanentes de relações de dominação e técnicas de sujeição de todas as formas. Temos que encarar o direito como um procedimento de sujeição através do tempo que se desencadeia, e não como uma legitimidade estabelecida. O sistema do direito desempenhou quatro papéis, o de mecanismo de “PODER” da monarquia feudal, instrumento e justificativa para constituição de grandes monarquias administrativas. A partir do sec. XVI e XVII instrumento de luta política e teórica em relação aos sistemas de “PODER”, e o da teoria da soberania reativada com o Direito Romano. Seguindo ainda essa evolução podemos citar que a partir do séc. XVIII uma nova mecânica de “PODER” baseada na coerção, do que na existência física de um soberano, também foi incorporada.
Para melhor compreensão posso simplificar que a teoria da soberania que se baseia sobra a terra seus limites e produtos, se mescla com a teoria disciplinar, ligada aos corpos sociais e seus atos. Foi essa mescla a grande invenção da sociedade burguesa, o instrumento fundamental para constituição do capitalismo industrial e do tipo de sociedade que lhe é correspondente. Notem que estou citando sobre uma invenção, essas duas teorias são completamente antagônicas, adaptadas uma a outra para forjar justificativas de “PODER”. Chocando-se nitidamente cada vez mais uma a outra, tornando freqüentemente mais necessário um discurso mediador dentro das ciências em geral.
Para finalizar quero dizer que eu não tenho a intenção de demonizar o direito, e que não existam pessoas boas acreditando que são úteis dentro deste aparelho, mas sim fazer que vocês entendam que tudo tem uma causa, e que existem muitas coisas nas entrelinhas, e isso que hoje, se pode achar “pronto e justo” ao longo do tempo oportunamente o “PODER”, sistema ou classe dominante, ou seja, la como você por bem defina, tiveram um lucro econômico e uma utilidade política com a evolução jurídica. Sustentando e manipulando esse sistema de coerção.
Esse “PODER” como eu gosto de referir não esta interessado e não se importa absolutamente com as delinqüências, as punições, reinserções ou nada nessa sociedade que não tenha como centro a economia ou seja o lucro. Se importando sim, e muito, com os mecanismos de coerção a fim de evitar que a sua liberdade se de através da lógica cientifica.

O Direito e a Verdade I

Como e com que o direito produz um discurso de verdade que sustenta as relações de “PODER” que conseqüentemente dominam o corpo social? Como e porque o direito se tornou tão poderoso?
Para começar toda produção de discurso tem uma estrutura que o sustenta através de uma acumulação e de uma circulação, gerada de dentro e a partir desta exigência. Sendo assim o “PODER” nos submete à essa produção de verdade e só através dele podemos exercê-lo, obrigando-nos a confessar essa “verdade”. Simplificando o “PODER” nos obriga a produzir verdades da mesma forma que nos obriga a produzir riquezas. E estamos submetidos a essa verdade no sentido de que ela é lei. Como sita Foucault: Somos julgados, condenados, classificados, obrigados a desempenhar tarefas e destinados a um certo modo de viver ou morrer em função dos discursos “verdadeiros” que trazem consigo efeitos específicos de “PODER”.
Mas uma vez vou tentar explicar, o quadro que vemos hoje, em relação ao direito, não caiu do céu enviado por uma entidade justa e perfeita. Desde a idade média nas sociedades ocidentais, o principio geral das relações entre o direito e o “PODER”, é a elaboração do pensamento jurídico em torno do poder Real. É a pedido do poder Real, em seu proveito, e para servir-lhe de instrumento ou justificação que o edifício jurídico das nossas sociedades foi elaborado. É preciso entender que a reativação do Direito Romano no século XII foi o grande fenômeno em torno e a partir de que foi reconstituído o edifício jurídico, que se desagregou depois da queda do Império Romano. Esta ressurreição do Direito Romano foi efetivamente um dos instrumentos técnicos e constitutivos do “PODER” monárquico autoritário, administrativo e finalmente absolutista. Fixando e legitimando o “PODER” em torno de sua maior teoria, a da soberania. Criando com isso aparelhos, instituições e regulamentos que geram verdadeiras relações de dominação social, que explicarei na próxima postagem.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pílula vermelha ou azul!


A intenção deste texto é combater a pasteurização e a banalidade de idéias que a rotina nos impõe, chamar a atenção para o torpor que o dia-dia provoca em nossas mentes, e para o bolsão de ilusão que nós compramos e aceitamos todos os dias quando acordamos e abrimos os olhos.
No filme “Matrix Reloaded” de 2007 uma questão é colocada a prova do herói, escolher entre a pílula azul, que trás como conseqüência o torpor e o aprisionamento da mente em uma “realidade fabricada”, ou escolher a pílula vermelha que revela a realidade de fato. O grande problema nas sociedades subdesenvolvidas, como a brasileira é que a opção da pílula azul não trás um entorpecer agradável, a realidade fabricada que o “PODER” impõe para os indivíduos é tão amarga quanto a realidade de fato, o único efeito que a pílula azul provoca nos indivíduos subdesenvolvidos é a aceitação e o seqüestro da possibilidade de reagir contra os manipuladores.

No mundo inteiro, hoje, as sociedades estão convivendo com um “PODER” que exclui, com um poder que acumula recursos e impõe a aceitação da miséria e da fome. O discurso do “PODER” no mundo inteiro é pasteurizado, “propriedade privada é sagrada”, “não se importe de ver uma pessoa bilionária e outras passando fome”, “você também pode chegar a ser um bilionário”. “O problema da fome é um problema de pessoas inferiores, de sub pessoas, piores que eu e você”, “azar de que não tem ambição e não se prepara”, e por aí vai.
A questão é que em certos países existe uma realidade fabricada que talvez valha para os medíocres, a pílula azul. Existem escolas, hospitais, serviços públicos em geral com certa qualidade, fazendo com que o individuo sub exista com uma ilusão mais aceitável, não se importando que a algumas milhas dali existam pessoas que não tem o que comer.
A grande pergunta para nós brasileiros é. Porque tomamos essa pílula azul tupiniquim? O que ela nos trás? O que funciona neste país? Somos desmoralizados todos os dias por banqueiros, políticos, desembarcadores, policias e corruptos de todas as categorias! Pagamos cada vez mais caro por essa festa orgíaca de “PODER” que nos empurram goela abaixo, e que nós patrocinadores não chegamos nem a catar as sobras. E continuamos a aceitar esse “PODER” legitimado. Não seria mais fácil para nós tomarmos a consciência da realidade e começar a mudar, exigir, incomodar, não viver mais de jeitinho, expurgar a nossa própria inércia e corrupção.
Entre uma novela e outra pense, entre um joguinho e outro pense. Não fique achando que tudo é normal, que o mundo é assim mesmo. Esse é o discurso vendido à duras penas para nós! Existe um inimigo sim! Ele se mostra e se esconde, esta por toda parte, sendo mais específicos não podemos colocar formas como uma classe dominante, governantes, grupos, dirigentes ou aparelhos, simplesmente. O problema é difuso. O importante é sabermos quem explora a sociedade, quem obtém os maiores lucros, em que mãos eles passam, e aonde são reinvestidos. Ninguém é propriamente seu titular, sabemos que existe uma direção e também quem não os é. Para cada situação existe um foco de “PODER” e a direção é sempre vertical, sempre no sentido do interesse maior
Ele acumula riqueza ao invés de distribuir, ele exclui os indivíduos ao invés de incluir e compartilhar.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Complexo de vira lata! Porque?


Questões como, o papel marginal de Portugal na construção de uma identidade moderna ocidental, dentro da historiografia, a depreciação dentro do imaginário europeu de todo o povo ibérico, a reflexiva aceitação desta desvalorização até a contemporaneidade, implícita, no imaginário do povo da maior ex-colônia ibérica das Américas, o Brasil. Trás como inevitável conseqüência a discussão da “Via Ibérica”.
Devemos primeiro nos perguntar sobre qual prisma, sobre quais valores atravessamos este assunto para analisar essas questões. Perguntas como, desvalorização sobre qual modelo? Qual é a verdadeira identidade ocidental? Em comparação a que povo, o português e o espanhol são depreciados? E porque isso se reflete no imaginário brasileiro?
Creio que para começar a esmiuçar essas perguntas devemos primeiro começar a entender a principal matriz nos dias atuais do pensamento ocidental, a matriz que influencia verticalmente toda a visão de mundo, e nos impõe um conceito de evolução sobre suas bases. Para isso é necessário longe do imperativo atual, conhecer algumas forças motrizes na história ocidental que juntas moldam um grande sentimento ou um “pseudo-projeto” de mundo que se torna a raiz mais profunda desta matriz. Como citado por Candido: Zea e Hartz defendem a existência de um “projeto” ocidental que vem seguindo seu curso há séculos, passando por uma cadeia de formulações logicamente intervinculadas de variada ênfase filosófica e cientifica. Para qualquer momento e lugar é possível demonstrar que partes interessadas invocaram elementos desse ‘projeto” de maneira pragmática para justificar de fato ordenamentos de poder autoridades e status.
Elementos como a filosofia natural, a moral greco-romana, a doutrina cristã, a ciência e a tecnologia de origem mediterrânea e o elemento de pura observação que foi se tornando cada vez mais sistemático. Ao longo dos séculos opções e produções desses elementos culminaram em uma cultura de dominação pragmática anglo-americana.
E é justamente esse modelo de cultura anglo-americana imperante na contemporaneidade que transforma, diminui e influencia toda a história que culturalmente e economicamente tomou caminhos diferentes. Impondo um falso conceito evolucionário no imaginário popular. E conseqüentemente criando valores baseados em torno do “poder”, seja ele econômico, político ou militar.
Se analisarmos hoje os principais países ocidentais, veremos que todos têm um norte comum, principalmente em relação à economia, que é a mola mestra para o desdobramento do “poder” ou para a sobrevivência no jogo político mundial. Toda analise superficial das nações atravessa essa ótica rasa e pobre sobre o posicionamento dentro do eixo econômico mundial, subtraindo automaticamente todas as importantes questões de imensa relevância como a geografia, a psicologia-social e principalmente a história. Essas questões juntas formam em minha opinião o tripé de qualquer avaliação correta e justa sobre qualquer contexto social. Sendo assim, creio, que como cientistas sociais estudiosos destas áreas, podemos não aceitar uma historiografia “oficial”, já que sabemos o que isso significa, ou o posicionamento do imaginário popular que geralmente se faz reflexo desta mesma historiografia, mas devemos concordar que questões desta significação só serão bem avaliadas, ainda por um longo tempo dentro dos meios acadêmicos.
Entender que parte do “jogo” mundial de dominação é a produção de certos discursos de poder, e o direcionamento educacional da base social de qualquer país para as “oficialidades”. Como exemplo, posso citar que tenho aula com uma professora Francesa de trinta e três anos que, acha que a intenção do imperialismo Frances na áfrica foi levar civilidade e democracia, (pensamento básico gerado pela educação francesa até os dias de hoje). Salientando que diz respeito a uma pessoa culta formada em publicidade e com uma enorme bagagem de viagens e experiências.
Como podemos sublimar a importância de Portugal para a expansão e desenvolvimento da realidade do ocidente? Sem obvio, julgar o que se tornou esse modelo de civilidade ocidental, isto é outra questão. Mas a importância no processo é inconteste como cita Carvalho: Os portugueses não foram tão pioneiros quanto os genoveses em termos de navegação, não experimentaram o renascimento ou criaram grandes sistemas filosóficos. De forma mais contundente, seus críticos enxergam desorganização em seu reino e ausência de brilho em suas monarquias; ou, ao contrario, como pretendia Adam Smith, é possível dizer que os portugueses realizaram “os dois maiores e mais importantes acontecimentos de que se tem registro na história da humanidade” No mínimo, os portugueses ampliaram a cartografia do mundo e disseminaram a ocidental idade.
A auto-estima e o imaginário popular brasileiro só ira mudar quando passarmos a consumir menos outras culturas, aceitar menos os discursos e os modelos de dominação e valorizarmos as nossas raízes, enxergando que pela nossa geografia, cultura e história somos partes importantíssimas dentro de uma rica nação, de valores, jeitos e humanidades diferentes, apenas diferentes, porém, belas e relevantes. Não somos o que possuímos, mas o que pensamos.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Uma questão para Historiadores. E uma breve critica.


Muito se questiona no meio, sobre qual seria o ponto crucial ou aonde se deu o rompimento do sistema Feudal para os primórdios do Capitalismo. Essa questão levanta muita polemica ate hoje entre diferentes autores e escolas de analise da historiografia. São tantas as controvérsias e pontos de debate, que seria o blog, vejo eu, um canal limitado e impróprio para destrinchar esse assunto, sendo assim vou me limitar a escrever o meu ponto de vista sobre esse tema.

Devemos ter ao analisar essa temática complexa, basicamente duas linhas de visão, uma retroativa a partir do presente e uma de tempo estrutural. A primeira nos serve para esclarecer, identificar e comparar pontos fundamentais dentro do que veio a ser a “estrutura dominante” presente. A segunda serve para entendemos que quando se subtrai o conceito de tempo linear positivista, e se analisa a história através de estruturas, dando um caráter circular do tempo, torna-se mais fácil o entendimento sobre conceitos, idéias e realidades diferentes coexistindo no mesmo espaço.

Através deste posicionamento eu rejeito o termo de ruptura com o sistema, e mesmo um tempo pré-capitalista, e considero como estruturas sobrepostas, sendo uma germinal, e com uma analise de tempo longo ficou nítido que as mudanças germinais da época eram realmente bases de uma “estrutura dominante” nascente. E não uma “simbiose” ou mesmo uma relação apenas diferente como insistem os socialistas britânicos.
Mas sendo o principal fator desta analise o fim e o começo de uma nova estrutura social, devemos considerar com mais ênfase um olhar analítico da estrutura atual e avaliar quais são os fatores que sustentam a estrutura presente. E em um olhar retroativo procurar e achar as mudanças de relações que somadas promoveram e construíram esta transição.

E como nada é determinante de forma isolada como elemento, vamos colocar dentre os fatores, os mais relevantes de uma forma extremamente sintética, que em conjunto foram responsáveis para a construção da realidade deste sistema atual. O caráter independente dos agentes sociais nas novas aglomerações urbanas, na idade média que em conjunto com mercadores vieram substituir as oficinas dos servos da reserva senhorial, e formaram a primeiras corporações de ofícios. Avanços tecnológicos que propiciaram a expansão do comercio o avanço na produtividade e a difusão de grandes movimentos mentais, que trouxe a valorização do indivíduo como ser humano terreno, livre e racional, culminando na secularização. A corretíssima teoria de Marx sobre a acumulação primitiva e o mais relevante de todos os fatores transformadores da nova realidade. A transformação total dos meios de produção com melhores técnicas, relações totalmente capitais e agentes feudais transformando-se em comerciantes e produtores urbanos.

E o ápice de todo esse processo é um mundo onde uma invenção (O Estado Moderno), sustenta, apóia e intervém violentamente por um sistema econômico individualista e excludente. Onde tudo e todos têm um valor, em que as relações comerciais e econômicas vêm antes de qualquer outra situação.

Dentro do processo transformações se fazem incessantemente, mas a classe dominante melhor preparada e consciente de elementos que podem continuar sustentando essa forte estrutura se perpetua em vantagem. E o único meio ou caminho para uma melhor justiça social sem duvida é a educação. É por ela que devemos lutar, é somente através do conhecimento e da consciência que se torna possível mudar relações de poder.

quarta-feira, 4 de março de 2009

A Ostentosa, “Imaculada” e Poderosa Justiça.





Gostaria de expressar minha opinião sobre um fenômeno extremamente incomodo para quem encara as Ciências Sociais com a seriedade devida.
Não pretendo explanar sobre a venda de sentenças e liminares em todas as esferas e instancias, sobre os concursos manipulados, o despreparo da maioria dos profissionais da área e a politicagem do que deveria ser seu maior exemplo, o Supremo Tribunal Federal.

Pretendo chamar a atenção de vocês, para quando se depararem com um terno ou terninho feminino travestindo um ser humano pomposo e prepotente que se diz Profissional do Direito (advogado, promotor, juiz, defensor etc...) com suas carteiras de identidade da ostentosa OAB. Vocês terem a capacidade de enxergar além da mediocridade e da pausterização de idéias que a sociedade nos impõe sobre quase tudo. E da mesma forma sobre esse meio, limitado de visão de mundo que é a Justiça e o Direito.

Tenho, e acho que todo mundo hoje em dia de classe média tem, muitos amigos advogados. E me espanta perceber profissionais com tamanha limitação de visão e alienação.
Sua equivocada valorização na sociedade não me espanta já que de fato é um reflexo de uma sociedade doente de valores morais, e extremamente despreparada, educacionalmente. O que incomoda é o derrame destes ditos profissionais da área humana no mercado todo semestre, limitados a um mero e medíocre conhecimento técnico sobre leis e um enorme despreparo para lidar com a ética e principalmente com seu objeto de trabalho que é nada menos que o ser humano. Não tenho medo de errar ao afirmar que no seio do Direito se formam e se transformam os Profissionais de Humanas, mais descompromissados com a sociedade, suas causas e anseios.

Sob a bandeira da “imaculada” e poderosa justiça se escondem uma herança desgraçada, as bases do “divino” Direito Romano.
Com sua base teórica resgatada pela escola dos Glosadores no século XII em Bolonha, e sua base erudita e pratica incentivada pelos “Comentadores” nos séculos XIV e XV. A assimilação do Direito Romano, na Europa Renascentista serviu para corresponder aos interesses da burguesia e inserir o caráter juridicamente incondicional da propriedade privada e o encontro do seu equivalente contraditório na natureza formalmente absoluta da soberania imperial.
As monarquias absolutistas do ocidente contaram então com essa burocracia jurídica que é o Direito Romano para prover suas maquinas administrativas de dominação e exclusão. Mais do que qualquer outra força, foi a chancela desta romanização dos sistemas jurídicos da Europa Ocidental na renascença que transformou inevitavelmente a distribuição do poder entre as classes dominantes.

É inconteste a herança que o Estado “pós-moderno” recebeu do absolutismo. A forma que o Estado nos impõe suas vontades sem ter o mesmo peso e receio de penalidade com o não comprimento dos seus deveres, quando que na maioria das vezes pagamos nossas “contribuições” (termo herdado da Idade Média) e não recebemos uma compensação adequada e devida. O papel quase mitológico do Representante maior do Estado, a força militar como instrumento serviu a “ordem publica”, a visão repugnantemente igualitária da Justiça de responsabilidades perante pessoas tão intelectualmente, economicamente e socialmente desiguais e etc...

Tornando todo esse discurso de poder de exclusão social, legitimo, temos pairando sobre todas as nossas cabeças a “imaculada” Justiça com suas bases em uma época Imperial e centralizadora.
Apenas desejo trazer a tona um debate desta questão provendo uma nova inspiração para clareza jurídica e tornar evidente uma frase implícita no direito a muitos séculos:

"Quod Principi Placuit Legis Habet Vicem"

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Foco





Caros amigos! Quero inaugurar este blog refletindo especificamente sobre o foco do pensamento coletivo.


Ocidentalmente as sociedades passaram a pensar coletivamente no século VII a.c. na Grécia Arcaica, com o advento da polis. A evolução desse fato e a vocação irresistível pela publicidade, dos helênicos, somaram-se ao convívio dos desiguais, onde uma “elite” e uma massa de “excluídos” passaram a fazer parte da mesma paisagem. Isso fez nascerem novos e grandes questionamentos.

A filosofia nasceu para tentar responder esses questionamentos e para encontrar uma forma de sistema mais justa para o coletivo.

Ao longo dos séculos em vários períodos os seres humanos foram forçados a recuar na sua empreitada de pensar o mundo, mas geralmente eram meros e forçados recuos. A verdade é que mesmo a sociedade tendo que escolher entre sobreviver e idealizar, ela sempre buscou formas e soluções, mesmo que quase sempre derrotadas, e mesmo que quase nada tenha mudado para melhor.
Soubemos e vimos durante todo esse tempo, varias formas ideológicas e vários discursos de poder, e sendo fato que nenhum tenha chegado perto do que realmente desejamos no fundo de nossas almas.

E eu digo o porquê desse meu texto inaugural ser uma reflexão sobre o foco das idéias, sobre o foco dos pensamentos.

Sou de uma geração que tem acendido sobre ideologias e sistemas do passado, e também sou de uma geração aonde dois grandes discursos ideológicos polarizavam o mundo. Em que todos temiam e no fundo torciam pelo inimigo em ambas as partes. O grande problema é que quando o muro caiu os dois sistemas começaram a ruir, colocando a humanidade em cheque.

Não conseguimos sequer ver uma luz no vim do túnel, acolhemos o neoliberalismo e o mundo voraz do capital financeiro, em troca da mutilação apenas dos nossos olhos e ouvidos. Rapidamente o mercado tratou de ocupar em nossas vidas, esse enorme espaço, trazendo a cultura do individualismo e banalizando de uma forma apropriativa as idéias que deveriam estar sendo trabalhadas dentro do subconsciente coletivo. Ou seja, hoje as marcas das grandes corporações não lhe vendem apenas o produto, elas vão alem, lhe dão identidade, promessas falsas e discursos feitos.

Nunca o ser humano conviveu com tamanho volume de mídia, um verdadeiro massacre, aonde o principal inimigo são suas idéias originais. E onde o principal objetivo é a cultura do individualismo radical suprimindo sua verdadeira identidade, seus valores coletivos e morais.

Por isso meus amigos eu peço que tirem o pouco tempo que seja possível para pensar no que você esta comprando, quais são os seus discursos, da onde eles vem e o principal.

Pensem o mundo, pense como melhorá-lo, quem sabe a solução ou parte dela esta com você. Mude um pouco o foco, não aceite o discurso do mercado. Existe uma saída e temos que continuar pensando sobre ela.

Um grande abraço.

Prefácio e Agradecimento

Primeiro gostaria de explicar aos amigos e aos inimigos o porquê do Blog. Fazia algum tempo que meu inconformismo me cobrava uma ação, uma ação qualquer, uma ação que fosse um começo e um fomento para novas que virão. Minhas criticas, opiniões e propostas hoje, no grau da minha vivência me obrigam a publicidade e ao debate.
Quero expor minhas idéias e intenções como uma vela acesa farejadora, em um mundo escuro e doente dos olhos. Esperando que essa pequena luz reverbere em outras velas na confiança de encontrar olhos que buscam e gostem de luz. Tenho sabedoria do romantismo empregado nessa ação, mas acho que é isso, exatamente essa atitude que falta nos dias atuais, aonde já tornamos os moinhos parte da nossa paisagem.
A intenção é: encontrar, fomentar e trabalhar idéias de uma forma clara. Idéias que combatam os pensamentos que legitimam a desigualdade social, e que façam evoluir o sistema atual para que se torne mais ético e justo.
Agradeço a minha querida amiga blogueira, poetisa e escritora, Malu Teixeira de Pomerode – SC, por ter me inspirado a explorar esse canal semi-democrático e parcialmente accessível a publicidade, considerando uma parcela excluída digitalmente. A começar minha empreitada por aqui.