quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Pílula vermelha ou azul!


A intenção deste texto é combater a pasteurização e a banalidade de idéias que a rotina nos impõe, chamar a atenção para o torpor que o dia-dia provoca em nossas mentes, e para o bolsão de ilusão que nós compramos e aceitamos todos os dias quando acordamos e abrimos os olhos.
No filme “Matrix Reloaded” de 2007 uma questão é colocada a prova do herói, escolher entre a pílula azul, que trás como conseqüência o torpor e o aprisionamento da mente em uma “realidade fabricada”, ou escolher a pílula vermelha que revela a realidade de fato. O grande problema nas sociedades subdesenvolvidas, como a brasileira é que a opção da pílula azul não trás um entorpecer agradável, a realidade fabricada que o “PODER” impõe para os indivíduos é tão amarga quanto a realidade de fato, o único efeito que a pílula azul provoca nos indivíduos subdesenvolvidos é a aceitação e o seqüestro da possibilidade de reagir contra os manipuladores.

No mundo inteiro, hoje, as sociedades estão convivendo com um “PODER” que exclui, com um poder que acumula recursos e impõe a aceitação da miséria e da fome. O discurso do “PODER” no mundo inteiro é pasteurizado, “propriedade privada é sagrada”, “não se importe de ver uma pessoa bilionária e outras passando fome”, “você também pode chegar a ser um bilionário”. “O problema da fome é um problema de pessoas inferiores, de sub pessoas, piores que eu e você”, “azar de que não tem ambição e não se prepara”, e por aí vai.
A questão é que em certos países existe uma realidade fabricada que talvez valha para os medíocres, a pílula azul. Existem escolas, hospitais, serviços públicos em geral com certa qualidade, fazendo com que o individuo sub exista com uma ilusão mais aceitável, não se importando que a algumas milhas dali existam pessoas que não tem o que comer.
A grande pergunta para nós brasileiros é. Porque tomamos essa pílula azul tupiniquim? O que ela nos trás? O que funciona neste país? Somos desmoralizados todos os dias por banqueiros, políticos, desembarcadores, policias e corruptos de todas as categorias! Pagamos cada vez mais caro por essa festa orgíaca de “PODER” que nos empurram goela abaixo, e que nós patrocinadores não chegamos nem a catar as sobras. E continuamos a aceitar esse “PODER” legitimado. Não seria mais fácil para nós tomarmos a consciência da realidade e começar a mudar, exigir, incomodar, não viver mais de jeitinho, expurgar a nossa própria inércia e corrupção.
Entre uma novela e outra pense, entre um joguinho e outro pense. Não fique achando que tudo é normal, que o mundo é assim mesmo. Esse é o discurso vendido à duras penas para nós! Existe um inimigo sim! Ele se mostra e se esconde, esta por toda parte, sendo mais específicos não podemos colocar formas como uma classe dominante, governantes, grupos, dirigentes ou aparelhos, simplesmente. O problema é difuso. O importante é sabermos quem explora a sociedade, quem obtém os maiores lucros, em que mãos eles passam, e aonde são reinvestidos. Ninguém é propriamente seu titular, sabemos que existe uma direção e também quem não os é. Para cada situação existe um foco de “PODER” e a direção é sempre vertical, sempre no sentido do interesse maior
Ele acumula riqueza ao invés de distribuir, ele exclui os indivíduos ao invés de incluir e compartilhar.

2 comentários:

  1. É impressionante quantas interpretações diferentes já ouvi a respeito desse filme! São aplicações para todos os gostos e nas áreas mais diversas... Penso que se essa metáfora leva a tanta discussão é porque deve nos atingir em algo que é profundo e importante demais para ser desprezado...talvez toque no que Freud chamou de “mal-estar na civilização”... Algumas questões muito interessantes são levantadas ali... Neo não é convidado a escolher entre colocar a venda ou não, o convite é para retirá-la... ela já estava lá... aquela era a única realidade que ele conhecia... a escolha era entre sair ou não do confortável mundo do sonho... ele escolheu o caminho aparentemente mais difícil... optou pelo desconhecido, pelo perigoso e acabou usando os olhos pela 1ª vez, não sem certa dor inicial, mas com a possibilidade infinita que a liberdade lhe oferecia a frente... interessante que embora não pudesse mudar o que estava fora dele e os danos sofridos no mundo virtual tivessem implicações no mundo real, descobre também que pode ser One, ou seja, uma reorganização interna faria toda a diferença (de Neo para One muda a ordem, mas as letras são as mesmas)... e cada detalhe do filme pode ser comparado também aos nossos conflitos internos... mas de qualquer forma, como explicado pela Orácula no filme, o processo de decisão só terminaria quando não houvesse mais dúvida e a dúvida só pára na paixão... então... talvez seja por aí... talvez precisemos nos apaixonar por nós mesmos, por ideais, pela vida, pelas pessoas e essa paixão talvez torne possível a reinvenção de nós mesmos, do mundo inteiro... ou talvez não seja nada disso... não sei... só estava pensando...

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  2. Minha amiga Soraya.

    Existe uma tendência muito forte hoje dentro da filosofia e até na física quântica. A física quântica hoje no seu mergulho subatômico chegou à partícula Planck, entre varias hipóteses cientificas na qual eu não faço a menor idéia, uma coisa chamou a atenção de muitos cientistas, essa partícula se assim podemos chamá-la, pasme, um momento esta, e outro, não esta. O que serviu de reforço para uma corrente filosófica que acredita que a realidade só existe através da nossa imaginação. E trouxe uma pergunta no mínimo intrigante para a física. Aonde esta a matéria quando ela não esta?
    Esses dias discutindo teoria com nosso mestre João Gilberto, ele citou essa corrente para me provocar e perguntar se a História era uma ciência ou uma literatura.
    Tenho minha posição e a defendi. Mas o que me importa realmente não esta nos desdobramentos do “buraco da Alice” e sim a sociedade em que eu existo virtualmente, ou não rsrrsr. Porque é a única que eu conheço e pretendo ao contrario do nosso mestre, que disse que as ciências sociais só têm importância para ele ganhar o dinheiro dele, eu pretendo agregar nem que seja um grão de areia de consciência social de acumulação de conhecimento, para a evolução dos direitos políticos, civis e sociais.
    É como disse nosso outro mestre Paulo Roberto, o importante não é fazer um trabalho com pretensões de ser este completo. Mas sim de fazer um trabalho que tenha pelo menos alça, para um dia alguém poder carregar se quiser e usar, ajudando no entendimento para a evolução da consciência coletiva.

    Obrigado pela atenção.

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